domingo, 21 de agosto de 2011

Casa Arrumada


Casa arrumada é assim: Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.

Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...

Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.

Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha? Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo?

Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.

Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.

A que está sempre pronta pros amigos, filhos... Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.

Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...

E reconhecer nela o seu lugar.

Carlos Drummond de Andrade


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Bela história e boa lição



Conta uma história que um Judeu trabalhava em um frigorifico na Noruega. Certo dia ao terminar sua jornada de trabalho, foi a uma camara frigorifica para fazer uma inspeção, inexplicavelmente a porta se fechou e o fecho de segurança travou e o trabalhador ficou preso dentro da camara. Bateu na porta com força, gritou por socorro mas ninguém o ouviu, todos já haviam saido para suas casas e era quase impossível que alguém pudesse escutá-lo pois a porta era muito grossa.

Já estava a quase cinco horas preso na camara e quanto mais o tempo passava mais próximo da morte por congelamento ele estava.

De repente a porta se abriu e o vigia entrou na camara e resgatou o trabalhador ainda com vida.

Depois de salvar a vida do homem, perguntaram ao vigia, “Porque ele foi abrir a porta da camara se isto não fazia parte da sua rotina de trabalho ?.

Ele assim o explicou: “trabalho nesta empresa há 35 anos, centenas de empregados entram e saem aqui todos os dias e ele é o único que me cumprimenta ao chegar pela manhã e se despede de mim todas as tardes. Todos os demais me tratam como se eu não existisse.

Hoje pela manhã me disse “Bom dia” quando chegou. Eu espero por esse bom dia ou ola, todas as manhãs e por um tchau ou até amanhã, todas as tardes. Entretanto não se despediu de mim, pensei que poderia estar em algum lugar do prédio ou poderia ter-lhe acontecido algo. Por isto o procurei e o encontrei.
A nobreza do gesto e a importância de uma saudação