quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

AMIGOS


Reinauguração
Carlos Drummond de Andrade

Entre o gasto dezembro e o florido janeiro,
entre a desmistificação e a expectativa,
tornamos a acreditar, a ser bons meninos,
e como bons meninos reclamamos
a graça dos presentes coloridos.

Nossa idade - velho ou moço - pouco importa.
Importa é nos sentirmos vivos
e alvoroçados mais uma vez, e revestidos de beleza,
a exata beleza que vem dos gestos espontâneos
e do profundo instinto de subsistir
enquanto as coisas ao redor se derretem e somem
como nuvens errantes no universo estável.

Prosseguimos. Reinauguramos. Abrimos os olhos gulosos
a um sol diferente que nos acorda para os descobrimentos
Esta é a magia do tempo
Esta é a colheita particular
que se exprime no cálido abraço e no beijo comungante,
no acreditar na vida e na doação de vivê-la
em perpétua procura e perpétua criação.
E já não somos apenas finitos e sós.

Somos uma fraternidade, um território, um país
que começa outra vez no canto do galo de 1º de janeiro
e desenvolve na luz o seu frágil projeto de felicidade.
                
      Que a alegria de viver se faça presente neste natal e que todos os projetos se realizem plenamente em 2014.
Muita luz

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Uma bela história


SUA VEZ, VOVÔ...

 

Da Europa em guerra, conta-se que uma família foi forçada a sair de sua casa quando tropas inimigas invadiram a localidade onde viviam. Para fugir aos horrores da guerra, perceberam que sua única chance seria atravessar as montanhas que circundavam a cidade.
Se conseguissem êxito na escalada, alcançariam o país vizinho e estariam a salvo. A família compunha-se de umas dez pessoas, de diversas idades. Reuniram-se e planejaram os detalhes: a saída de casa, por onde tentariam a difícil travessia. O problema era o avô.
Com muitos anos aos ombros, ele não estava muito bem. A viagem seria dura.
— "Deixem-me", falou ele. - "Serei um empecilho para o êxito de vocês. Somente atrapalharei.
Afinal, os soldados não irão se importar com um homem velho como eu".
Entretanto, os filhos insistiram para que ele fosse. Chegaram a afirmar que se ele não fosse, eles também ali permaneceriam.
Vencido pelas argumentações, o idoso cedeu. A família partiu em direção à cadeia de montanhas. A caminhada era feita em silêncio.
Todo esforço desnecessário deveria ser poupado. Como entre eles havia uma menina de apenas um ano, combinaram que, a fim de que ninguém ficasse exausto, ela seria carregada por todos os componentes da família, em sistema de revezamento.
Depois de várias horas de subida difícil, o avô se sentou em uma rocha. Deixou pender a cabeça e quase em desespero, suplicou: - "Deixem-me para trás. Não vou conseguir. Continuem sozinhos".
— "De forma alguma o deixaremos. Você tem de conseguir. Vai conseguir", falou com entusiasmo o filho.
— "Não", insistiu o avô, "deixem-me aqui".
O filho não se deu por vencido. Aproximou-se do pai e energicamente lhe disse: - "Vamos, pai. Precisamos do senhor. É a sua vez de carregar o bebê".

O homem levantou o rosto. Viu as fisionomias cansadas de todos. Olhou para o bebê enrolado em um cobertor, no colo do seu neto de treze anos. O garoto era tão magrinho e parecia estar realizando um esforço sobre-humano para segurar o pesado fardo. O avô se levantou. - "Claro", falou, "é a minha vez. Passem-me o bebê".
Ajeitou a menina no colo. Olhou para o seu rostinho inocente e sentiu uma força renovada. Um enorme desejo de ver sua família a salvo, numa terra neutra, em que a guerra seria somente uma memória distante tomou conta dele. - "Vamos", disse, com determinação.
— "Já estou bem. Só precisava descansar um pouco. Vamos andando". O grupo prosseguiu, com o avô carregando a netinha. Naquela noite, a família conseguiu cruzar a fronteira a salvo.
Todos os que iniciaram o longo percurso pelas montanhas conseguiram terminá-lo. Inclusive o avô.
Se alguém a seu lado, está prestes a desistir das lutas que lhe compete, ofereça-lhe um incentivo. Recorde da importância que ele tem para a pequena ou grande comunidade em que se movimenta. Lembre-o que, no círculo familiar, na roda de amigos ou no trabalho voluntário, ele é alguém que faz a diferença..
Ninguém é substituível. Cada criatura é única e tem seu próprio valor. Uma tarefa pode ser desempenhada por qualquer pessoa, mas uma pessoa jamais substituirá a outra. Não permita que ninguém fique à margem do caminho somente porque não recebeu um incentivo, um estímulo, um motivo para prosseguir, até a vitória final.



Autoria Desconhecida

 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Palestra do rabino...

No mês de agosto de 2001, Moshê (nome fictício), um bem sucedido
             empresário judeu, viajou para Israel a negócios.
             Na quinta feira, dia nove, entre uma reunião e outra, o empresário
             aproveitou para ir fazer um lanche rápido em uma pizzaria na
             esquina das ruas Yafo e Mêlech George no centro de Jerusalém.
             O estabelecimento estava superlotado.
             Logo ao entrar na pizzaria, Moshê percebeu que teria que esperar
             muito tempo numa enorme fila, se realmente desejasse comer alguma
             coisa, mas ele não dispunha de tanto tempo.
             Indeciso e impaciente, pôs-se a ziguezaguear por perto do balcão de
             pedidos, esperando que alguma solução caísse do céu.
             Percebendo a angústia do estrangeiro, um israelense perguntou-lhe
            se ele aceitaria entrar na fila na sua frente.
             Mais do que agradecido Moshê aceitou.
             Fez seu pedido, comeu rapidamente e saiu em direção à sua próxima
             reunião.
             Menos de dois minutos após ter saído, ele ouviu um estrondo
             > aterrorizador.
             Assustado, perguntou a um rapaz que vinha pelo mesmo caminho que
             ele acabara de percorrer o que acontecera.
             O jovem disse que um homem-bomba acabara de detonar uma bomba na
             pizzaria Sbarro`s.
             Moshê ficou branco.
             Por apenas dois minutos ele escapara do atentado.
             Imediatamente lembrou do homem israelense que lhe oferecera o lugar
             na fila.
             Certamente ele ainda estava na pizzaria.
             Aquele sujeito salvara a sua vida e agora poderia estar morto.
             Atemorizado, correu para o local do atentado para verificar se
             aquele homem necessitava de ajuda.
             Mas encontrou uma situação caótica no local.
             A Jihad Islâmica enchera a bomba do suicida com milhares de pregos
             para aumentar seu poder destrutivo.
             Além do terrorista, de vinte e três anos, outras dezoito pessoas
             morreram, sendo seis crianças.
             Cerca de outras noventa pessoas ficaram ferida,algumas em condições
             críticas.
             As cadeiras do restaurante estavam espalhadas pela calçada.
             Pessoas gritavam e acotovelavam-se na rua, algumas em pânico,
             outras tentando ajudar de alguma forma.
             Entre feridos e mortos estendidos pelo chão, vítimas ensangüentadas
             eram socorridas por policiais e voluntários.
             Uma mulher com um bebê coberto de sangue implorava por ajuda.
             Um dispositivo adicional já estava sendo desmontado pelo exército.
             Moshê procurou seu "salvador" entre as sirenes sem fim, mas não
             conseguiu encontrá-lo.
             Ele decidiu que tentaria de todas as formas saber o que acontecera
             com o israelense que lhe salvara a vida.
             Moshê estava vivo por causa dele.
             Precisava saber o que acontecera, se ele precisava de alguma ajuda
             e, acima de tudo, agradecer-lhe por sua vida.
             O senso de gratidão fez com que esquecesse da importante reunião
             que o aguardava.
             Ele começou a percorrer os hospitais da região, para onde tinham
             sido levados os feridos no atentado.
             Finalmente encontrou o israelense num leito de um dos hospitais.
             Ele estava ferido, mas não corria risco de vida.
             Moshê conversou com o filho daquele homem, que já estava
             acompanhando seu pai, e contou tudo o que acontecera.
             Disse que faria tudo que fosse preciso por ele.
             Que estava extremamente grato àquele homem e que lhe devia sua vida
             Depois de alguns momentos, Moshê se despediu do rapaz e deixou seu
             cartão com ele.
             Caso seu pai necessitasse de qualquer tipo de ajuda, o jovem não
             deveria hesitar em comunicá-lo.
             Quase um mês depois, Moshê recebeu um telefonema em seu escritório
             em Nova Iorque daquele rapaz, contando que seu pai precisava de uma
            >
             operação de emergência.
             Segundo especialistas, o melhor hospital para fazer aquela delicada
             cirurgia fica em Boston, Massachussets.
             Moshê não hesitou.
             Arrumou tudo para que a cirurgia fosse realizada dentro de poucos
             dias.
             Além disso, fez questão de ir pessoalmente receber e acompanhar seu
            amigo em Boston, que fica a uma hora de avião de Nova Iorque.
             Talvez outra pessoa não tivesse feito tantos esforços apenas pelo
             senso de gratidão.
             Outra pessoa poderia ter dito "Afinal, ele não teve intenção de
             salvar a minha vida, apenas me ofereceu um lugar na fila..."
             Mas não  Moshê,ele se sentia profundamente grato, mesmo um mês após
             o atentado.
             E ele sabia como retribuir um favor.
             Naquela manhã de terça-feira, Moshê foi pessoalmente acompanhar seu
             amigo, e deixou de ir trabalhar.
             Sendo assim, pouco antes das nove horas da manhã, naquele dia onze
             de setembro de 2001.
             Moshê não estava no seu escritório no 101º andar do World Trade
             Center Twin Towers.
             (Relatado em palestra do Rabino Issocher Frand)
             "Entrai pelas portas dele com gratidão,e em seus átrios com louvor;
            louvai-o, e bendizei o seu nome." Salmos 100:4